Bom dia.
Tenho este como um dos capítulos mais preciosos da Bíblia.
Os autores do Novo Testamento citam essa importante passagem em Atos dos Apóstolos, Romanos, Gálatas, Hebreus e Tiago. Aquela noite estrelada foi marcante.
Abrão está na sua tenda, talvez sem conseguir conciliar no sono. Então, o Senhor vem até ele e lhe diz:
“Não tenha medo, Abrão, pois eu serei seu escudo, e sua recompensa será muito grande”.
(Gênesis 15.1)
Eis o motivo da insônia: medo. Medo de quê, se a guerra do capítulo anterior já havia ficado para trás? Ló e sua família foram resgatados e Abrão tivera um abençoado encontro com Melquisedeque. O texto vai nos mostrar que Abraão estava com medo de perder a fé.
A Bíblia é o livro que, quando o lemos, nos lê também. Quantas noites você já teve dificuldades em dormir, dominado pelos pensamentos temerosos, pela ansiedade? (Leia a série de reflexões "A cura da ansiedade".)
Deus sabe que Abraão está com medo e sabe o porquê. O Senhor conhece cada uma das nossas noites e os medos que as acompanham, caro(a) leitor(a). Ele visita Abraão na intimidade da sua tenda, e vem dizer a ele as palavras seu servo mais precisava ouvir:
"NÃO TENHA MEDO. EU SEREI SEU ESCUDO, e sua recompensa será muito grande."
O capítulo poderia terminar aqui com essa verdade eterna de que Deus é nossa proteção. Deus é a maior bênção que alguém pode ter, Mas Deus sabe que Abraão precisa exteriorizar seus temores. O coração dele fora invadido pela insegurança de não ter filhos (v. 2 e 3) e pela insegurança material (v. 8).
As promessas de Deus ainda valiam? Nos salmos 77 e 89, por exemplo, essas dúvidas também emergem. Deus prometera fazer de Abraão uma grande nação, dar-lhe uma terra e fazer dele uma bênção (Gênesis 12.1-3). Anos se passaram e as promessas ainda não se cumpriram. Abraão ainda era um nômade e o colo de Sara ainda estava vazio. Ele pensa que o seu herdeiro será um empregado nascido em casa.
“A esperança que se retarda deixa o coração doente...”
(Provérbios 13.12)
Essa demora fazia mal ao coração de Abraão e o Senhor sabia disso. Qual é o tratamento divino para o medo de Abraão? Deus o visita, fala com ele, deixa que ele exteriorize seus temores. Então o leva para fora da tenda:
Em seguida, levou Abrão para fora e lhe disse: “Olhe para o céu e conte as estrelas, se for capaz. Este é o número de descendentes que você terá”. Abrão creu no SENHOR, e assim foi considerado justo.
(Gênesis 15.5,6)
Isso é crer contra toda e qualquer desesperança. Isso é crer nas promessas de Deus. Isaías 40 e o Salmo 147 dizem que Deus conhece cada estrela e as chama pelo nome. A partir daquela experiência, cada noite estrelada era um bálsamo para Abraão, lembrando-o do tamanho dos povos que viriam dele.
Em seguida vem uma cena aparentemente estranha. Deus ordena a Abraão que prepare o "corredor das partes mortas", mencionado em Jeremias 34.18. Um expediente usado na antiguidade, quando duas pessoas queriam fazer um acordo solene. Era preparado um corredor, ladeado por animais partidos ao meio. E as pessoas iam andando pelo corredor, dizendo: "se eu não cumprir o que estou prometendo, que aconteça comigo o que aconteceu a esses animais".
Observe que o texto afirma que somente Deus passa pelo corredor.
Quando o sol se pôs e veio a escuridão, Abrão viu um fogareiro fumegante e uma tocha ardente passarem por entre as metades das carcaças. Então o SENHOR fez uma aliança com Abrão naquele dia e disse: “Dei esta terra a seus descendentes, desde a fronteira com o Egito até o grande rio Eufrates...
(Gênesis 15.17,18)
É como se Deus dissesse: "Abraão, se minhas promessas para você não se cumprirem, eu deixo de ser Deus". Uma aliança unilateral, só depende de Deus para que ela aconteça.
Quais tem sido os seus temores? Coloque-os para Deus. Confie nas promessas dele. Ele é a maior e melhor de todas as bênçãos. Haja o que houver, Jesus prometeu que estaria conosco todos os dias, até o fim dos tempos.
Espere pelo Senhor e seja valente e corajoso; sim, espere pelo Senhor.
(Salmo 27.14)
Coragem!
Coragem é a resistência ao medo, domínio do medo, e não a ausência do medo.
Mark Twain, 1835-1910
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