Bom dia.
O Senhor reina!
O grande tema deste salmo é que a soberania de Deus é uma das doutrinas mais penetrantes e íntimas das Escrituras: Deus está no controle do mundo e de nossas vidas.
Um dos debates teológicos mais conhecidos, que dura séculos, é até onde vai a soberania de Deus. Como pode Deus ser soberano sobre todas as coisas e, ainda assim o mal existir? Como pode Deus ser absolutamente soberano e mesmo assim, eu ser responsável pelas minhas decisões?
O salmo 93 inicia com uma declaração retumbante: O SENHOR reina! O trono de Deus e a casa de Deus são símbolos da soberania de Deus, e suas leis são os instrumentos pelos quais ele governa.
1 O Senhor reina! Vestiu-se de majestade; de majestade vestiu-se o Senhor e armou-se de poder! O mundo está firme e não se abalará.
2 O teu trono está firme desde a antiguidade; tu existes desde a eternidade.
(Salmo 93)
Um breve contexto histórico-literário
Para entendermos melhor o impacto dessa frase, vejamos um importante aspecto técnico do livro dos Salmos. O livro dos Salmos é dividido em 5 livros. A maioria das Bíblias traz essa divisão. Cada divisão tem um tema em comum. O livro 3 dos salmos, que vai do 73 ao 89, é chamado “o livro das crises”.
A conquista de Jerusalém e o exílio de Israel
Em 586 a.C., foi tomada pela Babilônia. O rei babilônio Nabucodonosor levou os melhores israelitas para ser vi-lo em sua terra - em seu palácio, o exílio de Israel.
O Salmo 89 conclui o Livro 3 lidando com esse clima de desesperança. Jerusalém destruída. Os muros, derrubados. O templo do Senhor, saqueado e queimado. O palácio do rei, reduzido a cinzas, bem como todas as casas de Jerusalém e todos os edifícios importantes. Tudo isso aconteceu porque o povo de Deus se afastara dele, adorando outros deuses, não dando ouvidos aos profetas.
O que definia Israel como nação e povo de Deus? A terra, que Deus prometera à Abraão; o templo, que leva o nome de Deus; o rei, descendente de Davi, a quem Deus prometera que jamais faltaria descendente dele no trono de Israel; o povo, a quem Deus escolheu e separou de todas as nações para caminhar com Ele, proclamando a sua glória entre as nações.
Com o exílio, tudo isso parecia ter sido perdido. Haveria ainda esperança para a reconstrução da nação de Israel? Sim. Porque o Senhor reina (que está nos salmos: 93, 96, 97 e 99).
O livro 4 (salmos 90-106) foi organizado com esse tema, para trazer uma resposta ao livro 3 (salmos 73-89). Portanto, o objetivo desta pequena coleção de Salmos (O Senhor reina) é enfatizar o reinado do Senhor em vista da falha do rei terreno representado pela dinastia davídica.
Quando a instituição humana falhou, não havia maior segurança do que Israel apontar para Aquele que tinha estabelecido a instituição do reinado e que representava um reinado maior, seguro e eterno.
Eu gostaria de apresentar 3 lições para nossas vidas a partir do Salmo 93. A primeira neste post. As demais nos seguintes.
1 - O reinado do Senhor é eterno
O trono divino e o Senhor desse trono extrapolam o tempo e a história:
1 Reina o SENHOR. Revestiu-se de majestade; de poder se revestiu o SENHOR e se cingiu. Firmou o mundo, que não vacila. 2 Desde a antiguidade, está firme o teu trono; tu és desde a eternidade.
Como não havia mais rei em Judá e Israel, não era difícil o povo de Deus se esquecer disso. No tempo em que um rei terreno se sentava no trono, era muito fácil esquecer-se de que ele meramente representava uma maior monarca e um maior reinado.
Mas quando essa instituição falhara, não havia maior palavra de garantia do que a fórmula de declaração destes Salmos, "o Senhor Reina!”
O Senhor reina desde sempre e para sempre. Para um povo irritado com o sofrimento e humilhação de conquistas estrangeiras, falar de justiça era um bálsamo. A queda de Judá foi avassaladora para alguns, tão esmagadora que eles precisavam de uma visão clara do futuro reino de Deus para sustentá-los durante a crise.
Para eles, não era suficiente emitir uma declaração de seu presente senhorio: "O SENHOR reina!" Sua fé precisava do reforço da visão futura de seu reino.
Onde não há injustiça, há pouca necessidade de falar de justiça. A frequência do tema da justiça em estes salmos, portanto, sugerem que eles foram destinados a lidar com circunstâncias em que a injustiça se tornou abundante.
É fácil nos esquecermos que o Senhor reina quando nossos olhos enxergam apenas os problemas, as dificuldades que enfrentamos.
Não sei quais são as lutas que você tem enfrentado. Eu sei das minhas. As de Judá e Israel eram que eles não tinham mais templo, não tinham mais trono; não tinham mais descendente de Davi assentado no trono; não tinham mais terra, estavam exilados.
Mas apesar de tudo isso, eles podiam se lembrar da verdade eterna de que “O Senhor reina!”
Você crê que o Senhor reina sobre tudo e sobre todos, em todo o tempo, em todas as circunstâncias, mesmo que não tenhamos respostas para todos os nossos "por quês"?
A presença do Senhor é infinita; seu brilho, insuportável; sua majestade, terrível; seu domínio, ilimitado; sua soberania, incontestável.
Matthew Henry, 1662-1714
Talvez você esteja pensando: "OK, o Senhor reina", isso é muito bonito. Mas e os meus problemas? A segunda lição do texto lança luz sobre essa questão.
>>> continua
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