PÉRGAMO, A IGREJA MUNDANA
- Luiz Fernando Arêas
- 29 de out. de 2024
- 3 min de leitura
Bom dia.

Quando lemos no Apocalipse que Jesus anda pela Sua Igreja, avaliando-a nos mínimos detalhes, reconhecendo suas lutas e boas obras, e repreendendo suas fraquezas, isso deveria nos encher de alegria e temor.
Os cristãos não estão brincando de Igreja ou apenas se divertindo num ajuntamento dominical. Nós não “estamos” igreja, nós somos a Igreja, com as bênçãos e responsabilidades que esse privilégio implica.
A Igreja tem o glorioso papel de levar a Palavra de Deus ao coração aflito; de chamar o pecador ao arrependimento; de proclamar o evangelho de Jesus Cristo ao que já buscou o sentido da vida em outras religiões sem encontrar, porque só Jesus pode dar sentido à existência e oferecer a vida plena que todos procuram.
Temos a missão de apresentar a realidade do Reino de Deus à sociedade que nos cerca, e isso está longe de ser um passatempo recreativo. O que Jesus espera de sua Igreja e de cada igreja local é que ela seja uma evidência clara, um sinal visível de que o Reino de Deus não é apenas uma certeza futura, mas também uma realidade presente hoje, aqui e agora. Porque Jesus está aqui, e a igreja só é igreja por causa da maravilhosa graça do Senhor.
Pérgamo estava localizada sobre uma grande montanha de rocha tendo aos seus pés um grande vale circunvizinho. Os romanos a fizeram capital da província da Ásia. Éfeso era a principal cidade da Ásia, mas Pérgamo era a capital, pois era lá a sede do governo imperial e o centro do culto ao imperador. Ali, Esculápio, o deus da cura, era cultuado sob o emblema da serpente que, para os cristãos, era o próprio símbolo de Satanás.
O ponto central da mensagem à Pérgamo é alertar a igreja sobre o risco da perigosa mistura do povo de Deus com o engano doutrinário e com a imoralidade do mundo.
Satanás trabalha em Pérgamo através das pressões de uma sociedade pagã. O caminho que conduz à prática desses pecados é o tipo de tentação típica do mundanismo de todas as épocas: "Que mal há nisso? Todo o mundo faz, por que não você?" Negar a fé era uma tentação constante, especialmente quando a outra opção era ser martirizado. Antipas, citado no verso 13, segundo a tradição, foi assado lentamente até morrer num caldeirão de bronze, durante o reinado de Domiciano.
Na comunidade de Pérgamo havia muita tolerância e pouca disciplina. Enquanto os crentes de Éfeso odiavam as obras dos nicolaítas, os de Pérgamo as toleravam. A culpa de Pérgamo residia no oposto da culpa de Éfeso; e quão tênue é a linha entre o pecado da tolerância e o pecado da intolerância. Cristo vê uma igreja que começa a ceder às pressões do mundo:
"No entanto, tenho contra você algumas coisas: você tem aí pessoas que se apegam aos ensinos de Balaão, que ensinou Balaque a armar ciladas contra os israelitas, induzindo-os a comer alimentos sacrificados a ídolos e a praticar imoralidade sexual."
(Apocalipse 2.14)
Numa mesma congregação há aqueles que permanecem firmes e aqueles que caem. Alguns membros da igreja começaram a abrir a guarda e a ceder diante da sedução do engano religioso. Estavam se desviando da verdade, trilhavam pelo caminho de Balaão, com práticas absolutamente reprováveis, como a imoralidade sexual. Hoje Pérgamo seria uma igreja "de sucesso", em tempos em que tudo é permitido.
Portanto, arrependa-se! Se não, virei em breve até você e lutarei contra eles com a espada da minha boca.
(Apocalipse 2.16)
De qualquer forma, no fim, é com Cristo que eles terão que prestar contas. O poder da espada não está com os governantes romanos, nem com o príncipe deste mundo, mas com Cristo (v.12).
Michael Wilcock, em "A Mensagem do Apocalipse", editora ABU, comenta:
A espada de dois gumes certamente refere-se ao outro juízo que é necessário: discernir a verdade (Hebreus 4.12) e punir o mal (Romanos 13.4). O Senhor está pronto a usar a espada contra aqueles que, mesmo na igreja, não se arrependam.
Jesus encerra, como em todas as cartas, com uma promessa à Pérgamo:
"Aquele que tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ao vencedor darei do maná escondido. Também lhe darei uma pedra branca com um novo nome nela inscrito, conhecido apenas por aquele que o recebe."
(Apocalipse 2.17)
Wilcock conclui seu comentário assim:
A promessa de vida eterna feita no final das duas cartas anteriores é repetida aqui em termos apropriados ao cristão que não se conforma com os prazeres do mundo, nem com os banquetes da carne sacrificada aos ídolos. Os crentes não devem participar dos banquetes pagãos, pois vão participar dos banquetes do céu. Jesus é o pão do céu.
Que ouçamos o que o Espírito nos diz, especialmente num tempo em que tudo é permitido e a tolerância com o pecado é politicamente correta.
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